Ouroboros da Memória

Poema Profético nº 01

Baga Defente
Fazia Poesia

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Arte original por Baga Defente

sim, eu concordo:
isso já tá ficando chato

você, o leitor, meus canais lacrimais:
ninguém mais aguenta ou quer
outro poema longo demais

eu não quero mais cantar a ausência

mas como um amigo músico me disse
“é impossível não desafinar chorando um desamor”

ainda que a tristeza permaneça
agora o pesar se faz mais leve

agora eu quero exaltar a (tua) beleza
física também, mas não só, não só…

eu quero que esse texto tenha cheiro de café quentinho junto aos primeiros raios da manhã

pra turma do turno noturno, dama da noite perfumando um campo enluarado; o barulho de uma cerveja gelada sendo destampada sobre a mesa de plástico na calçada num fim de tarde de verão

para você, um chá de cidreira, uma tapioca de guacamole?
gin tônica, um drink colorido no capricho?

para você, o que você quiser & eu puder lhe dar

Lloro por quererte
Por amarte y por desearte

eu preciso parar de olhar o passado chorando
para poder observar o futuro sorrindo

eu poderia te amar com um planeta

<banho>
minha mãe Iemanjá
me ajude a abandonar esse lamento
tire (me) de mim
lave leve para longe bem longe
lance no fluxo universal
no riocorrente cósmico esse sofrimento
me permita aceitar o movimento
a sentir que tudo vai & tudo vem
& vai & vem
& vai
& vem
(venha quando quiser
mas por favor venha)
</banho>

ouroboros da memória

dia desses você me disse
“ser observador e não ator principal a todo tempo é difícil”

eu não quero exaltar ou
romantizar o meu sofrer

mas às vezes eu fico burro
& isso parece ser tudo
que eu tenho para oferecer

um amor egoísta
mastigando o próprio peito

às vezes também fico besta
e me machuco por querer

tipo quando próximo à meia-noite
fazendo corre pro meu outro vício
estando próximo à sua casa
resolvo passar lá em frente
quero parar por dois minutos
concentrar em você minha mente
e me sentir mais próximo
me sentir na sua cama
sentir teu cheiro
sua cabeça no meu peito
a textura do seu cabelo…

eu sei que isso soa estúpido

ainda mais quando faço isso e
não vejo seu carro na garagem

meu coração sente que você
deve estar trabalhando
cumprindo a linda missão
que lhe foi dada e você
de peito aberto aceitou

mas minha mente doente
tenta me enganar e faz tudo
para atrapalhar o meu sentir

sei que isso não quer dizer nada

ainda assim fico triste & dirijo pra casa
choramingando na madrugada solitária

todos temos nossos abismos, né?
não há luz do sol quando você vai embora

“não tá nada resolvido e tá tudo bem assim”

me agarro às tuas palavras
para não afundar novamente
nesse lodo dentro de mim

ciente da certeza do meu
enorme amor por você
eu nunca tive medo de te perder
& isso também te afastou de mim

eu nunca quis tentar te esquecer
& agora meu maior medo
é ser esquecido por você

(acredite ou não,
todo carro branco me dá gatilho)

eu falo da lua nova
entrando em áries
você diz que tá fora
de romantização

rosa vermelha com diamante negro no portão

meu amor por você
é como um universo
em constante expansão

meu editor me disse
“toda poesia tem um quê de profecia”

assim

penso que em algum momento estaremos
todos vacinados & isso tudo será passado

aí por acaso nos encontraremos
numa noite gostosa no galo

trocaremos sorrisos
meus olhos irão brilhar
(espero que os seus também)

caminharemos um em direção ao outro

nos abraçaremos forte
aquela música começará a tocar
(é provável que eu comece a chorar)

agarrados, cantarei ao seu ouvido:

Ay cariño, ay mi vida
Nunca pero nunca
Me abandones cariñito

então tudo será diferente
& o sol voltará a brilhar.

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